quarta-feira, 29 de junho de 2011

revisão

apaixonado por ideias, e ideias somente.
a vontade de lidar com o mundo real cansa mente e corpo,
mas as ideias... ah, as ideias, um mundo abstrato que não é necessariamente feliz, mas é puro.
puro na sua dose de tudo, puro e coerente. prazeroso, original, único.

mas de que adianta caminhar sozinho pelos jardins da mente?
acordar a cada dia com os olhos cansado a ponto de não se abrirem, e ter de lembrar como funciona aquele mundo que se respira, que se vê, que se ouve, que se sente. mas não se controla.

quem se controla, vive.
quem descontrola, escreve, revisa, rabisca, ou tenta.

terça-feira, 21 de junho de 2011

olhar

o seu olhar me desrespeitou
despertou alguma coisa, talvez o que eu precisava.
pode ser, obrigado.
(pelo quê? não sei)
talvez por quebrar correntes
ou um copo.

tem alguma coisa quebrada, mas os espelhos parecem intactos.
talvez os porta-retratos (de quem?)
talvez seja você.
mas nem aqui você está, como pode?
tem uma mancha no seu rosto.
culpa? acho que não.
tem alguma coisa diferente, em mim, em você.

você...
...por que eu ainda te chamo assim?
por que eu ainda te chamo?
quem é você, queria eu me perguntar.
infelizmente eu sei, só não sei responder.
tem uma mancha no seu rosto.

tu te sujaste, memória.
viva ou não. fora de mim.
fora daqui.
tu te sujaste.

ouro

o problema não é o rei
ou a coroa

a figura reluzente é passageira, mas a marca que deixa nos olhos da multidão
deslumbramento
respeito
irracionalidade

permanente

manada pronta,
sem objetivo,
é só seguir o que o mestre manda

mas é um pedaço de metal, meu deus, é uma ideia, é um futuro, é um muro
é alguma coisa, me deixe passar.
pelo amor do rei, eu só quero ir a algum lugar.
sem ombros ao meu lado
o castelo não, talvez os jardins. mas a coroa está lá,
está no ar
está na minha cabeça

pedras pesam, preciosas ou não.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

sem título, sem cor

eu não sei
se só hoje
as sombras decidiram dançar à minha volta

ou se eu que nunca tinha parado para admirá-las

há sombras no fim do dia
que assombram o fim do túnel

a sombra que me convida
à dança não permitida
àqueles de peito frágil
que encontram na carne fria
a chance de talvez um dia (quem sabe o último)
sentir a vontade perdida
de cantar e dançar
outra vez
                   a vida