domingo, 3 de abril de 2011

coesão sem coerência, ou vice-versa

ornitorrincos
os estereótipos, a felicidade e esse tal de futuro




          Sabe como é: humanos andas em duas pernas, falam, apresentam polegar opositor e blá, blá, blá. Sapos pulam e coaxam, aves têm asas, penas, bicos, botam ovos. Peixes vivem na água com suas guelras...


          É assim, não é? Não é?


          Precisamos classificar, olhos iguais, vozes iguais, cores iguais, personalidades iguais. Diferenças iguais. Não é assim? Hein? Eu preciso saber. Não é? Precisamos de aliados, e também de inimigos. Precisamos ameaçar quando nos é conveniente, precisamos classificar: prédio, gente, cachorro, gato, pombo, ornitorrinco. Ornitorrinco não. Deixa esse bicho pra lá, deixa. Tem de tudo nessa coisa, não dá pra separar.
          Como pode ser feliz assim? Sem saber onde entrar, sem saber o que o faz parte de alguma coisa. Meu Deus, não consigo imaginar! Deve ser tão triste... Nascer sem um caminho para seguir, ter um pouco de tudo e parecer não servir para nada. É como ser geneticamente esquizofrênico.
          Mas... alguém muito diferente talvez possa fazer um pouco de tudo. Um intertexto gigante, uma possibilidade em mil ou em um milhão de ver o que está certo ou errado nas monoculturas de pessoas e coisas, nos grandes espaços preenchidos por coisas e seres iguais. Os caminhos ainda não percorridos que podem levar o mundo a um lugar diferente, um lugar feliz que talvez valha a pena, onde o bom mesmo seja a diferença.
          Preserve os ornitorrincos.

Um comentário:

May disse...

"povo marcado, povo (in)feliz..."

it gets better.